No último ano assistimos a um aumento dos pedidos de acompanhamento psicológico para adolescentes.
O que tenho sentido, na minha pequena amostra, é que os adolescentes estão tristes.
Esta tristeza sem mudança e resposta transforma-se numa ansiedade sem fim.
Muitas vezes, ao contrário do que se acha, são muito sensíveis e tolerantes. São extremamente cuidadosos com aquilo que partilham com os adultos, porque por vezes é-lhes dito que exageram, ou que as suas respostas são despropositadas ou até lhes são dados conselhos que aumentam a percepção de fracasso, porque a tentativa de mudança não surte efeito na forma como se sentem.
Partilho consigo duas ferramentas essenciais.
Escuta ativa
Não é ouvir enquanto elabora em pensamento a mensagem que lhe quer transmitir. É estar verdadeiramente disponível para o compreender e acolher as suas angústias. É ser colo para as palavras difíceis, é ser um contentor robusto para as emoções negativas. A sua linguagem corporal é também importante nesta escuta. Não desvie o olhar quando as palavras são duras, mostre-lhe que é capaz de as acolher ainda que precise de tempo para as compreender.
O exemplo
Não é a partilha do que acha que é correto. É ser correto na forma como comunica e se relaciona com as pessoas que o rodeiam.
As palavras têm um poder incontornável, ficam gravadas e contaminam muito facilmente o autoconceito. Seja muito cuidadoso com as palavras que usa. Seja igualmente atento às mensagens que transmite com as suas atitudes.
Não desvalorize os sinais, eles são pedidos de ajuda silenciosos.
Um adolescente que chora à frente dos pais, quer ser ouvido e acolhido. As suas lágrimas são mensagens, esteja atento.
Assuma os seus erros. Irá demonstrar flexibilidade e capacidade de reconhecimento das suas limitações.
Cuide da sua saúde mental, invista em rotinas de autocuidado, seja o exemplo!
Comments