Esta semana ouvi uma avó dizer à neta: Tu és um problema, és um problema.
Há frases que nos marcam e esta certamente marcou e marcará a vida desta jovem adulta, que desde sempre lhe dizem ser um problema.
Fico muito impressionada quando ouço este tipo de agressão banalizado. Como se as palavras servissem apenas o propósito de quem as diz… um alívio da profunda frustração em que vivem. Compreendo que esta avó viva em frustração e ira. Cada um é livre de viver no registo que escolhe. Mas ninguém tem o direito de violentar os outros.
Esta avó destrói, todos os dias, os sonhos da neta e todos os dias mata mais um pouco do que dela vai sobrando.
Que este seja um lembrete para estarmos atentos às palavras que usamos para definir os outros. Quando os definimos como um problema estamos invariavelmente a dizer-lhes que são uma dificuldade, um obstáculo, um sufoco…
(Lembre-se que é preferível falar das emoções que o comportamento do outro, ou a situação criada por ele, nos provoca. Mas nunca dele. Pode substituir o “fiquei triste contigo” pelo “fiquei triste como o que se passou”).
É fundamental analisarmos as nossas relações e tentarmos perceber se, através do nosso poder, não estamos a condicionar a vida de alguém. Seja em que escala for.
Enquanto pais, muitas vezes falhamos… ao não bater na porta antes de entrar no quarto; ao não questionar se podemos falar com terceiros de assuntos que lhes são privados. E por aí fora…
Se formos verdadeiramente honestos connosco próprios, percebemos que os fracos somos nós, quando encontramos na agressão camuflada um solução para a nossa ira.
É importante tentarmos refletir sobre as nossas atitudes e os efeitos que causam no outro. Concordo que muitas pessoas não serão capazes de o fazer, como esta avó que está muito perdida. Mas a neta fará o seu caminho e descobrirá o seu poder pessoal. E quando perceber que a frágil e incapaz de melhor não é ela, tudo mudará e um padrão relacional se quebrará!
Σχόλια